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BENEFÍCIOS COM INOVAÇÃO, A PRIMA-IRMÃ DA SUSTENTABILIDADE

Organizações que investem em práticas de sustentabilidade socioambiental se tornam, obrigatoriamente, empresas inovadoras. A inovação, por sua vez, apresenta inúmeros benefícios que ajudam a aumentar a lucratividade.

Em relação a isso, encontrei, um exemplo totalmente cartesianos a Incubadora de Fundos Inovar, criada pela FINEP para estimular a criação de fundos de venture capital no Brasil, possuía, em março de 2007, R$ 600 milhões em 13 fundos, que juntos haviam investido em cerca de 50 empresas inovadoras. E com que resultados? Em apenas quatro anos FINEP recebeu mais de três vezes o valor investido, com uma Taxa Interna de Retorno de 42,68% anuais.

E, quando a inovação está "casada" com sustentabilidade socioambiental, o retorno pode ser otimizado. Esta potencialidade tem chamado a atenção de organizações como o Programa New Ventures Brasil, parceria do World Resources Institute com o GVces - Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo e de players de mercado, como o fundo Stratus Venture Capital & Private Equity.

A pesquisa feita no Canadá demonstrou por que investidores reagem, positivamente em relação a empresas que adotam valores socioambientais: porque estas empresas podem aumentar o lucro em até 38% e a produtividade em até 8%. Esta é a razão pela qual acionistas e altos dirigentes de empresas vêm adotando políticas de sustentabilidade socioambiental: reduzir custos, aumentar lucros.

Algumas empresas foram mais Ionge: decidiram adotar a sustentabilidade socioambientais como parte da estratégia corporativa, como ferramenta de crescimento. O exemplo mais conhecido é do centenário e poderoso Grupo General Eletric que percebeu que a inovação e soluções de mercado reais para os problemas do mundo poderiam ser uma oportunidade e criou a GE Ecomagination. Baseada no desenvolvimento de tecnologias limpas e produtos ambientalmente responsáveis, em apenas dois anos a GE Ecomagination já faturou US$ 12 bilhões em 2006 e tem pedidos em carteira, que chegam a US$ 50 bilhões. Estamos falando de bilhões de dólares ganhos com um raciocínio que alguns gestores desinformados ainda consideram "coisa de ambientalistas"!

Outro exemplo é a Danone. O grupo francês se associou ao Grameen Bank, do empreendedor social Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com micro-crédito, para implantar em Bangladesh 50 fábricas de iogurte de baixo custo e focadas em produtos para ajudar crianças subnutridas. O projeto, extremamente inovador, parte do princípio de que as comunidades locais serão sócias das fábricas!

Mas talvez o maior sucesso do ponto de vista econômico seja o da fabricante de tapetes Interface. Com sede nos Estados Unidos, 35 fábricas e um faturamento em 2006 de US$ 1 bilhão, o proprietário Ray Anderson começou a transformação para uma gestão socioambiental em 1994. A empresa fez as lições de casa óbvias: reduziu o consumo de água e energia, passou a utilizar materiais reciclados e orgânicos (já atingiu 100%), revisou tudo o que podia entre os itens acima apresentados. Como resultado, o lucro antes do imposto cresceu 82% em 12 anos - num mercado que diminuiu 30% no mesmo período. Atualmente a empresa contata os clientes se oferecendo para retirar os tapetes antigos para reciclá-los, mas, como em desenvolvimento sustentável o céu é o limite, planeja deixar de vendê-los: vai fornecer tapetes na forma de leasing, para poder ter a garantia de poder reciclá-los após alguns anos de uso!

Como você, leitor deste blog, é uma pessoa inteligente, com boa formação e fina sensibilidade, agora vai concordar comigo que não há mais desculpas para não buscar imediatamente o caminho da sustentabilidade empresarial no seu dia-a-dia profissional. Faça isso imediatamente, do jeito que for possível, com coragem para enfrentar os antropóides que dirigem negócios como se estivessem no século XII.

Um bom começo é estudar as formas de sucesso apresentadas aqui como 85 casos de excelência em Benchmarking Socioambiental. Eles estão no caminho certo.

(*) Rogerio Raupp Ruschel, publicitário, jornalista e consultor, é presidente da Ruschel & Associados Marketing Ecológico, empresa pioneira de consultoria em desenvolvimento sustentável no Brasil, criada em 1991, com serviços prestados para organizações como Cia. Vale do Rio Doce, Votorantim, USAID, Goodyear, WWF, Unibanco, SBS, PricewaterHouseCoopers, Bahia Sul, International Paper, Sabesp e FBDS. Com carreira de mais de 20 anos como executivo, foi CEO da sueca Hornell no Brasil, vice-presidente do Grupo Propeg e diretor do Grupo Ogilvy.
É coordenador-executivo do Prêmio von Martíus de Sustentabilidade, da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha desde o ano 2000; coordenador-executivo do Programa Bayer-PNUMA-ONU "Jovens Embaixadores Ambientais" e diretor executivo da OSCIP Instituto Brasil Verdade.
Jornalista em meio ambiente e turismo sustentável, foi fundador da EcoMidias, associação brasileira dos proprietários de publicações especializadas em meio ambiente e integra o Conselho Editorial de publicações especializadas. Foi editor e coordenador do livro "A caminho do desenvolvimento sustentado -- A memória dos primeiros cinco anos do Prêmio Ambiental von Martius; de 2.000; co-autor do livro "Manual de Comercialização de Produtos Florestais", de 1994; autor do "Guia Ruschel de Ecologia", de 1992 e do "Glossário de Informações Ecológicas para Jornalistas'", de 1991. Tem mais de 80 prêmios e fez mais de 60 conferências e palestras.
Foi professor universitário durante mais de 20 anos, entre os quais titular de "Planejamento de Comunicação" e "Formação de Opinião Pública" nos Programas de Graduação e Pós-Graduação da ESPM-SP por 14 anos.

Um comentário:

sandra senne disse...

Adorei sua divulgação sobre o livro, seu blog esta super atualizado sobre o assunto, não sabe mais me ajudou muito em minhas pesquisas.
Obrigado.